2 de mar. de 2008

Texto antigo, mas está valendo..hehe


O cristão e o cuidado com as riquezas

Alyson Fidelis

O ser – humano, por natureza, é insaciável em seus desejos e vontades. Nós estamos sempre querendo mais e mais. Nunca estamos satisfeitos com nossas posses, sempre achamos que o fruto do nosso vizinho é melhor do que o nosso. No mundo pós-moderno parece que essa característica está se tornando cada vez mais evidente. Vivemos em um mundo consumista, marcado pela cobiça. Somos constantemente bombardeados por propagandas por todos os lados e o apelo comercial é impressionante.

Estamos próximos ao fim de ano. Muitos trabalhadores já começaram a receber as primeiras parcelas do 13º Salário. Vem a expectativa de incrementar as compras de natal, arrumar a casa para as festas de família ou realizar aquele sonho de consumo. Tudo isso é válido e faz parte da nossa cultura, mas não podemos nos deixar dominar por impulsos de consumo. Muitas pessoas se enchem de dívidas, prestações e acabam comprometendo todo o salário no início do próximo ano. As compras passam, o desejo se esvanece, mas as prestações e as dívidas ficam e nos acompanham ainda por um bom tempo. Não raro são os casos de remorso, de arrependimento após uma compra movida por um desejo incontrolável.

Nós, cristãos, estamos no meio disso tudo e muitas vezes nos deixamos levar pela corrente. Agimos como se fossemos dominados pela tentação de comprar, comprar e comprar, mais para preencher um vazio do que suprir uma necessidade.

Para nossa alegria a Palavra de Deus não nos deixa desamparados. A Bíblia traz inúmeros exemplos que nos ajudam a cuidar bem das nossas finanças. O próprio Jesus lidou, de maneira brilhante, com esse tema. A parábola do jovem rico nos ensina que o amor excessivo ao dinheiro e às riquezas atrapalha nosso relacionamento com Deus. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo (I Tm 6. 6-10) afirma: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” Interessante notar que Paulo não condena o acúmulo de riquezas em si, mas sim o apego exagerado ao dinheiro. No verso 10 ele completa: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” e vai além, chega a dizer que por causa da cobiça ao dinheiro muitos desviam da fé e se atormentam em suas próprias dores. Pessoas que agem dessa maneira não dependem mais de Deus, sua dependência e sua confiança estão no poder do dinheiro, na capacidade que ele tem de realizar desejos, vontades, na força de mandar e desmandar.

Os jovens devem ficar atentos quando o assunto é o cuidado com as finanças. Talvez por acharem que a vida será longa e que o futuro é uma coisa distante não dão a devida atenção a isso. A decisão entre o consumo hoje e o consumo amanhã é uma das grandes escolhas que todos nós fazemos todos os dias. A questão a ser respondida é: “Devo satisfazer um desejo hoje ou poupar para consumir no futuro?” Como não sabemos quão longa será nossa jornada aqui nessa terra temos que tomar cuidado com a opção escolhida. Pessoas mais idosas já viveram uma vida toda e era de se esperar que sua propensão a comprar fosse bem maior do que a de poupar, uma vez que o tempo de vida que lhes restam é teoricamente bem menor. A não ser o fato de deixarem um patrimônio para seus descendentes, os idosos poderiam muito bem desfrutar de tudo que acumularam durante anos.

Por outro lado, jovens deveriam pensar mais em reservar parte de sua renda para poupança, ao invés de comprometê-la toda com consumo. Por terem uma vida inteira pela frente muitos compromissos surgirão, como por exemplo, gastos com o casamento, a manutenção de uma casa, problemas de saúde, cursos de especialização, etc. Era de se esperar um comportamento mais previdente dos jovens. Muitas vezes não é isso que ocorre; o que sobre nos mais velhos, falta nos mais jovens e o inverso também ocorre. A falta de experiência de vida dos jovens aliada ao vigor e a energia própria a essa fase da vida podem passar uma idéia de que o jovem é invencível, que nada pode o deter. Sabemos que não é assim que funciona, ainda mais quando falamos de dinheiro, posses e recursos. A força e a disposição para o trabalho não vão durar para sempre, então é claro que o quanto um jovem ganha hoje deve dar para suas despesas atuais e também para sua aposentadoria. Portanto jovem, adéqüe seus gastos, seus desejos, seus impulsos à sua realidade.

Não viva uma vida pautada no consumismo, não assuma compromissos com os quais você não terá condições de arcar depois. Não deixe que a pressão dos amigos e da sociedade o force a manter um padrão de vida que não condiz com suas possibilidades. A grande sacada para os jovens é aliar a ousadia, a capacidade de mudar paradigmas e de romper barreiras com uma boa dose de previdência. Aproveitar ao máximo o dia de hoje, sabendo que amanhã tem mais. Agir com inteligência, sabendo que se gastar hoje todo seu salário ou mesada em coisas que apenas trarão satisfação momentânea amanhã poderá não ter acumulado nada, não ter construído nada, não ter juntado nada.

Como dica prática, sugiro que guarde todo mês parte do seu salário, talvez 10 ou 20 %. Não mexa nesse fundo, a não ser em caso de emergência (eu disse em caso de emergência hein, definitivamente a décima - quinta bolsa ou o vigésimo par de sapatos não são casos de emergência). Aplique esse recurso em algum fundo de ações, de renda fixa caso seja mais conservador, ou ainda mesmo, na poupança que apesar de render menos apresenta um risco menor.

Ao fazer uma aplicação financeira, o investidor deve levar em conta seu perfil, se é arrojado ou conservador; deve considerar sua expectativa de ganho e o risco que pretende assumir; deve ficar atento a qual banco ou corretora estará confiando seus recursos; precisa observar as taxas de administração e de performance cobradas pelo gestor, a aplicação inicial mínima, além da rentabilidade que a aplicação teve nos últimos 12 ou 36 meses. Tudo isso com o objetivo de evitar futuros problemas e prejuízos desnecessários. Cabe destacar que dependendo da aplicação o risco é intrínseco ao negócio e muitas vezes perdas são inevitáveis.

Para finalizar gostaria de lembrar que entre os itens que compõem o Fruto do Espírito está o domínio próprio. Penso que o domínio próprio não se refere apenas ao controle da nossa ira como se costuma dizer por aí. Refere-se sim à vida como um todo, incluindo a parte financeira. Controlar nossos desejos, dominar um impulso passageiro de comprar também entram aqui. Com a ajuda do Espírito Santo podemos sim ter uma vida financeira saudável, evitando preocupações e conflitos desnecessários. Oremos para que Deus nos auxilie também nessa área de nossa vida.